Olhando pela janela, vi o sol surgir
Senti o vento tocar levemente o meu rosto
e o cheiro de vida estava impregnado.
A luz brilhava intensamente
já não havia espaço para a escuridão.
Havia um jardim
com belas tulipas
margaridas, rosas e orquídeas.
Uma mistura de cores no chão.
Ipês de todas as cores.
Muito verde.
Ver o verde,
fez me vir a ser verde
de tão verde que o verde
era de se ver.
Da terra brotava uma nascente,
que formava um pequeno riacho
que cortava o jardim, que cantava no jardim.
O som da água era o clamor de toda vida que havia ali.
Os pássaros entoavam seu canto de liberdade em conjunto à orquestra
da natureza.
O céu azul tocava minh'alma.
Parecia que podia toca-lo, assim como ele me tocava.
Lá no fundo, bem lá no fundo
era possível ver o mar!
Ah, o mar!
Tão galanteador, me seduzindo
me convidando para dançar sobre as ondas.
Mas tão distante, tão improvável.
Diante desse espetáculo,
Lembro que estou na janela.
Apenas na janela.
Com a imensidão diante de meus olhos
e meus olhos aprisionados.
A janela.
Barreira cruel.
Tão cruel, que me permitia contemplar a vida
mas não me permitia fazer parte dela.
Na janela,
da torre mais alta,
do monte mais alto
meu coração cantava
um soneto de solidão,
sonhando, sonhando
e o tempo... passando.
Bárbara Penido